Shameless — 6ª Temporada

Renato Doho
3 min readApr 4, 2016

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Mais uma ótima temporada da série. Começa com os efeitos da morte de Bianca afetando Frank que não consegue esquecê-la. E Debbie decidindo ter o bebê, mesmo aos 15 anos.

A partir daí as tramas vão aparecendo, o que só importa mesmo para quem acompanha a série. Uma das qualidades dessa temporada é que várias coisas acontecem e o desenvolvimento dos personagens cresce, não são apenas plots inúteis para preencher episódios. Se pegar cada um deles no começo da temporada e vê-los ao final quase todos passaram por grandes mudanças significativas em suas vidas. E isso faz com que fiquemos impressionados em lembrar como eram no início, com Carl e Debbie ainda pré-adolescentes e de como vários personagens significativos sumiram (especialmente os interpretados por Joan Cusack, Justin Chatwin, Emily Bergl e Noel Fischer).

Por Shameless ter uma trama que se desenrola de temporada a temporada chamá-la de novela parece não abranger todo poder da série. Mesmo que haja elementos de novela que vez ou outra acontecem (como saber de antemão que algo vai dar errado com certos personagens) há um realismo que impede que os clichês novelísticos se sobreponham, como reviravoltas absurdas, traidores inesperados, personalidades mutantes e distorção de propósito apenas para empurrar a narrativa. Aqui são seres humanos com todas as suas falhas lidando com a vida. É a principal qualidade da série que ainda por cima retrata uma camada significativa da população urbana dos EUA que praticamente inexiste na maiorias das séries televisivas, o que aproxima bem mais da realidade brasileira com os jeitinhos que arranjam, as dificuldades financeiras constantes e a moral flexível de todos.

“Shameless” is one of TV’s finest, most consistent, best acted, most heartbreaking, edgiest, best ensembled, least creatively compromised, funniest, most class-conscious, and most family-minded shows. (https://www.bostonglobe.com/arts/2016/03/31/would-shame-overlook-rossum/w3t1LEuiGgEbRkZ6GYSZHN/story.html)

Como a própria Emmy Rossum (Fiona, a protagonista da série) disse, Lip nessa temporada é quase a Fiona da quarta temporada. Ele também vai ter que passar pelos seus demônios pessoais, principalmente pelo fato de cada vez mais lembrar do pai e começar a seguir a mesma trajetória dele, algo que ele sempre repudiou.

As interpretações de todos estão em sua melhor forma. Acrescentados pela participação maior de coadjuvantes que podem ou não continuar na série ou mesmo participações especiais que abrilhantaram a temporada. Isidora Goreshter como Svetlana ficou bem mais importante na série e Dermot Mulroney que já vinha da temporada anterior, também. Sasha Alexander foi uma delícia na temporada e Sherilyn Fenn teve poucos episódios, mas marcou.

É uma pena que poucos vejam por aqui essa série. O duro é que quem se interessar tem que ver desde o começo, mas por ser da Showtime são apenas 12 episódios por temporada, o que facilita ficar em dia com ela. Vale muito a pena conhecer os Gallaghers, provavelmente é uma família que os espectadores não esquecerão facilmente.

E a sétima temporada vem aí!

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