Hip Hop Genealogia — Ed Piskor
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Graphic novel de luxo, capa dura, em formato grande, apresentação do Emicida, letras traduzidas e comentadas ao final, discografia, bibliografia, é um verdadeiro registro histórico do início do hip hop em quadrinhos.
O que chama atenção de imediato é o efeito visual dado nas páginas para dar uma sensação de quadrinho antigo, uma mexida no contraste que dá um ar esfumaçado nas imagens e isso nos coloca diretamente lá naquela época.
Por ser quase um documentário em quadrinhos há muito texto explicativo fazendo com que haja pouca narrativa gráfica (como pode ser visto acima). As imagens são em sua maioria ilustrativas e em raros momentos a história se desenvolve por imagens e falas. Isso nos faz pensar que uma animação seria ideal para o projeto já que outra coisa que atrapalha é que muitos nomes e músicas são citados, pra quem conhece a fundo os artistas e o gênero deve ser bem mais empolgante reconhecer e acompanhar a história, mas para o resto do público leitor ou a pessoa continua lendo meio que perdida ou para a cada momento para ir procurar ouvir a música citada, o que prejudica a fluidez da leitura. Numa animação com as músicas originais tocando seria outra coisa.
Rapper’s Delight foi um marco pelo sucesso alcançado.
Rapture conseguiu o feito de ser o primeiro clipe de rap da história a passar na MTV que estava começando.
Grandmaster Flash, Kurtis Blow, Funky Four Plus One, Afrika Bambaataa, Cold Crush Brothers e The Sugarhill Gang são alguns dentre os mais citados.
A história vai até 1981 com o rap entrando no mainstream através de uma reportagem televisiva no programa 20/20.
É o primeiro volume de 4 que Ed Piskor realizou que vai até o ano de 1985, por isso vemos aqui que há personagens que são apenas citados para marcar sua origem e serão mais explorados futuramente (como Rick Rubin e Ted Demme). Piskor fez algo em menor escala antes com Harvey Pekar com Os Beats falando da geração beat (que por se tratar de literatura não tinha esse problema com a falta da música).
O quadrinho foi muito premiado e elogiado e dá pra entender, pois é um trabalho de pesquisa muito bom, mas esse lado de tratar de música sem que possamos ouvir as canções na hora prejudica um pouco. A sensação é totalmente outra procurar depois os artistas e as músicas pra ouvir.
Espero que realmente alguém tenha a ideia de transformar essa série épica em quadrinhos numa animação (o que facilita também retratar todos os envolvidos sem precisar recorrer a imagens de arquivo ou entrevistas atuais como seria num documentário comum).
Não sei quando a Veneta lançará os próximos 3 volumes.